Saúde

Paulo Rebello Deixa Legado Controverso para Wadih Damous na ANS

2024-12-20

Autor: Matheus

Os desdobramentos na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estão prestes a ganhar novos contornos, já que Paulo Rebello se despede da presidência neste sábado (21). Ele deixa para seu sucessor, Wadih Damous, uma verdadeira 'bomba-relógio' repleta de controvérsias e mudanças regulatórias que têm suscitado críticas intensas entre especialistas e analistas do setor.

Rebello, que foi nomeado pelo governo de Jair Bolsonaro em 2021, implementou um pacote que modificou diretrizes cruciais, afetando o cálculo de reajustes em planos coletivos e individuais. Essas medidas não apenas foram alvo de críticas de instituições financeiras como o BTG Pactual e o Itaú BBA, mas também acenderam alarmes sobre a sustentabilidade do setor. Os relatórios dessas instituições apontam que as novas regras podem prejudicar os consumidores e beneficiar somente as empresas que operam com planos individuais, enquanto as operadoras que oferecem planos coletivos podem enfrentar sérios desafios.

Dentre as propostas de Rebello, destaca-se a ampliação do pool de risco de 29 para 1.000 beneficiários, o que, segundo analistas, pode resultar em um fenômeno preocupante conhecido como seleção adversa. Isso significa que as empresas poderão ficar com um número elevado de clientes com alta sinistralidade, prejudicando seu equilíbrio financeiro. Sem mencionar, a introdução de um índice mínimo de sinistralidade de 75% nos cálculos de reajuste também limita a flexibilidade das operadoras, impedindo-as de ajustar os preços conforme a inflação médica.

As críticas à gestão de Rebello não param por aí. Em um manifesto recente, a Associação Nacional de Saúde Suplementar (Assetans), que representa os servidores da ANS, denunciou que as decisões foram tomadas sem a participação adequada de especialistas, além de questionar a falta de transparência no processo de aprovação das mudanças propostas. Os servidores da ANS afirmam que determinadas decisões foram aceleradas e sem a devida justificativa técnica, o que levanta dúvidas sobre a imparcialidade das diretrizes adotadas.

Diante de todo esse cenário conturbado, Wadih Damous, que será sabatinado pelo Senado em fevereiro, terá a tarefa monumental de não apenas avaliar as propostas polêmicas deixadas por seu antecessor, mas também de reconstruir a confiança no órgão em um momento de descontentamento generalizado. Ele precisará lidar com a pressão para trazer mais transparência e justiça ao setor de saúde suplementar, enquanto gerencia um legado que já está sendo visto como problemático por diversos stakeholders.

Com o cenário de instabilidade emocional e financeira no mercado de saúde, a presidência da ANS sob a nova gestão de Damous poderá determinar o futuro da saúde suplementar no Brasil. Poderá ele reverter as controvérsias deixadas por Rebello e encarar os desafios que virão pela frente? Somente o tempo dirá!