
Studio Ghibli: a polêmica que derreteu o ChatGPT e acendeu um debate sobre IA
2025-03-29
Autor: Matheus
Nas últimas semanas, imagens geradas pelo ChatGPT em um estilo que remete às icônicas animações do Studio Ghibli, co-fundado pelo renomado diretor Hayao Miyazaki, invadiram as redes sociais. O CEO da OpenAI, Sam Altman, fez uma postagem no X (antigo Twitter) mencionando que 'nossas GPUs estão derretendo' devido ao grande volume de imagens sendo criadas. Essa tendência rapidamente se transformou em um campo de batalhas de ideias.
A controvérsia envolve discussões sobre o uso de inteligência artificial para imitar o estilo Ghibli, levantando questões sobre direitos autorais e a valorização do trabalho humano em um campo cada vez mais automatizado. Essa discussão é relevante não apenas para artistas e criadores, mas também para o público em geral, que agora é confrontado com as implicações da tecnologia no mundo da arte.
A situação se intensificou quando a conta oficial da Casa Branca no X se juntou à onda, trazendo elementos políticos para a conversa. A repórter Adi Robertson, do The Verge, ressalta que a intersecção entre a geração de imagens no estilo Ghibli e a postura do governo Trump revela uma mentalidade complicada: 'Ambos [o filtro Ghibli e a postura da Casa Branca nas redes sociais] tratam a decadência básica como fraqueza e a insensibilidade como prerrogativa do poder', afirma.
A conta da Casa Branca postou inicialmente imagens de uma mulher detida, a qual afirmava ser traficante de fentanil e imigrante legal, seguida por uma ilustração ao estilo Ghibli em que um policial algema a mulher em uma cena dramática. Essa associação entre a estética Ghibli e a retórica política levou muitos a refletir sobre como a arte e a política podem se cruzar de maneiras inesperadas.
Além das implicações artísticas, também existem conexões entre a administração Trump e a indústria de IA. Personalidades como Elon Musk, que é um dos conselheiros mais próximos de Trump, possuem suas próprias empresas de IA. O peso político e econômico desses laços traz à tona um cenário onde a tecnologia é utilizada para moldar narrativas.
No entanto, a historicidade dessas imagens e o legado do próprio Hayao Miyazaki não podem ser esquecidos. Miyazaki é um crítico vociferante da IA, e suas palavras ecoam fortemente em um momento em que a IA está em discussão em todo o mundo. Num documentário de 2016, por exemplo, ele descreveu animações criadas por máquinas como 'um insulto à vida'.
Assim, o fenômeno das imagens geradas no estilo Ghibli não é apenas uma mera curiosidade digital, mas um catalisador para um debate mais amplo sobre a interseção de arte, direitos, ética e tecnologia. À medida que a discussão avança, muitos se perguntam: o que o futuro reserva para a arte em um mundo cada vez mais dominado por algoritmos?