Saúde

Surto de câncer de pâncreas pode ser menos alarmante do que se pensava

2024-11-21

Autor: Julia

Nos últimos anos, a preocupação com o aumento da incidência de câncer de pâncreas, especialmente entre jovens com idades entre 15 e 39 anos, tem chamado a atenção. Informes do gastroenterologista Srinivas Gaddam, do Cedars-Sinai Medical Center, levaram a debates sobre potenciais causas, como obesidade e alimentos ultraprocessados, mas um novo estudo sugere que a situação pode não ser tão alarmante quanto se pensava.

Um artigo recente publicado no The Annals of Internal Medicine, liderado pelo residente em cirurgia Vishal R. Patel, revela que, embora o número de casos tenha aumentado significativamente entre os jovens entre 2001 e 2019, a mortalidade relacionada a essa patologia não acompanhou esse crescimento. A maioria dos diagnósticos recentes se refere a casos em estágios iniciais, algo que muda completamente o panorama.

Os pesquisadores descobriram que os tipos de câncer de pâncreas frequentemente incluem tumores que, na verdade, não representam risco significativo de morte. As técnicas de imagem mais sensíveis, como tomografias e ressonâncias magnéticas, tornam mais fácil detectar esses tumores antes que eles possam causar danos, levando a um fenômeno conhecido como sobrediagnóstico.

O adenocarcinoma, um dos tipos mais agressivos de tumor pancreático, não costuma apresentar sintomas até avançar para estágios críticos. A detecção precoce, por outro lado, se refere em grande parte a tumores endócrinos, que geralmente são menos nocivos e que podem permanecer indolentes por longos períodos. Essa descoberta sugere que a criação de protocolos de monitoramento para esses casos, em vez de intervenções cirúrgicas agressivas, poderia ser uma abordagem mais segura.

O aumento nas cirurgias de pâncreas em jovens indica que muitos médicos e pacientes podem estar escolhendo tratamentos mais drásticos por medo do diagnóstico. Especialistas defendem que não se deve apressar a remoção de tumores endócrinos, uma vez que isso pode levar a intervenções desnecessárias com riscos associados. Existe um chamado para que as definições e classificações de câncer de pâncreas sejam revisadas, a fim de evitar diagnósticos e tratamentos que podem gerar mais preocupações do que realmente necessidades.

Gaddam, que levantou preocupações sobre a incidência de câncer de pâncreas no passado, considerou o novo estudo essencial, reforçando a mensagem de que existem diferentes tipos de câncer de pâncreas que precisam de abordagens diferentes. Esta nova perspectiva pode aliviar um pouco a ansiedade em torno do câncer de pâncreas e abrir espaço para uma discussão mais crítica sobre como detectar e tratar essa doença, sem alarmar excessivamente a população.