Saúde

Taxa de Nascimentos Prematuros no Brasil Se Torna Preocupante: Você Sabia?

2025-01-04

Autor: Carolina

A famosa ideia dos "nove meses" de gravidez pode ser enganosa, dada a complexidade da gestação, que normalmente dura cerca de 40 semanas. Em 2023, alarmantes 12% dos nascimentos no Brasil ocorreram antes do tempo, totalizando aproximadamente 300 mil bebês prematuros, que enfrentam riscos variados de problemas de saúde. Essa estatística coloca o Brasil acima da média global, que é de 10%, e entre os dez países com mais nascimentos prematuros anualmente.

Denise Suguitani, diretora executiva da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros, destaca que muitos desses casos são preveníveis: "No Brasil, essas taxas estão muito ligadas a determinantes sociais, como acesso à saúde e educação. Gestação na adolescência é um dos principais fatores de risco". O planejamento familiar, segundo a especialista, é crucial para reduzir esses índices, assim como o acesso e a qualidade do pré-natal.

A obstetra Joeline Cerqueira, membro da Comissão de Assistência Pré-Natal da Febrasgo, menciona que complicações como infecções, ruptura prematura da bolsa e síndromes hipertensivas são as principais causas de partos prematuros. Além disso, ter um pré-natal bem estruturado e iniciar cedo pode ser decisivo na identificação e tratamento de riscos.

Entre as principais causas de nascimento prematuro estão as infecções bacterianas e a hipertensão. A hipertensão sozinha é responsável por cerca de 15% das complicações na gravidez e é uma das maiores causas de morte materna no Brasil. Estima-se que um quarto dos partos prematuros esteja relacionado a essa condição. Monitoramento regular e intervenções precoces são, portanto, essenciais.

O Brasil também se destaca por ter uma alta taxa de cesarianas – quase 60% dos nascimentos ocorrem por essa via, sendo que muitas são eletivas. "Muitas cesarianas são agendadas sem a necessidade clínica, o que pode resultar em bebês prematuros, pois a gestação não é uma matemática exata", alerta Denise.

As consequências da prematuridade são graves. Bebês que nascem antes das 25 semanas têm uma taxa de mortalidade de 30% a 45%, e mesmo os sobreviventes podem enfrentar sérias dificuldades de desenvolvimento. Historicamente, o caso de Yngrid Antunes Louzada é um exemplo contundente: seus gêmeos, Lucas e Isis, nasceram com apenas 27 semanas devido a uma infecção urinária, enfrentando riscos altos de problemas de saúde e desenvolvimento. Após 52 dias em cuidados intensivos, eles conseguiram ir para casa sem sequelas, mas necessitaram de acompanhamento contínuo.

"Cada bebê prematuro escrevia sua própria história", explica Denise. É essencial um acompanhamento especializado, que inclua terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e nutricionistas, para garantir um desenvolvimento saudável. A gestação e o parto prematuro não são apenas experiências individuais das mães, mas refletem grandes desafios sociais e de saúde pública.

Em resumo, a taxa de nascimentos prematuros no Brasil é um alerta vermelho. A prevenção é possível, mas depende de políticas públicas eficazes, acesso a cuidados de saúde de qualidade e educação adequada para as mães. É preciso agir urgentemente se quisermos mudar esse cenário e proteger as vidas dos nossos pequenos.