O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é mais do que os três sintomas clássicos que todos conhecem: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Este transtorno complexo está ligado a uma série de desafios que vão muito além do que é disseminado em vídeos breves nas redes sociais, como TikTok.

Pesquisa indica que o TDAH afeta cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos, mas apenas uma fração dessas pessoas realmente recebe o diagnóstico adequado. Isso se deve, em parte, à simplificação do assunto por influenciadores de saúde mental nas mídias sociais, onde muitos jovens confundem desatenção e hiperatividade com outros distúrbios como ansiedade e depressão.

Os profissionais de saúde, como psiquiatras e neuropediatras, alertam que o diagnóstico correto passa por uma avaliação clínica minuciosa e não pode ser feito com base apenas em testes neuropsicológicos. É comum que os pacientes, ao chegarem ao consultório, acreditam ter TDAH, quando na verdade podem estar lidando com questões emocionais mais profundas.

Um dado alarmante é o elevado risco de acidentes de trânsito associado à desatenção e impulsividade em indivíduos com TDAH. Além disso, essas pessoas enfrentam frequentemente gestações não planejadas, tornando a compreensão do transtorno ainda mais urgente e necessária.

Os sintomas de TDAH geralmente aparecem antes dos 12 anos e podem persistir na vida adulta, embora a intensidade possa diminuir com o tempo. Adultos com TDAH frequentemente desenvolvem estratégias para lidar com os desafios, mas a falta de entendimento sobre o transtorno pode levá-los a um ciclo de baixa autoestima e problemas nas relações sociais e profissionais.

Identificar os sinais de alerta para TDAH é um passo essencial. A American Psychiatric Association lista vários sintomas que devem ser observados em diferentes ambientes, como casa, escola e trabalho. Se você ou alguém que conhece apresenta um padrão persistente de desatenção, hiperatividade ou impulsividade, é crucial buscar apoio.

Além dos sintomas principais, indivíduos com TDAH muitas vezes apresentam dificuldades com controle emocional, baixa tolerância à frustração e problemas com habilidades sociais. Eles podem ser mais propensos a desenvolver outras condições, como ansiedade, depressão e até mesmo comorbidades como diabetes tipo 2.

O tratamento é um processo contínuo e pode incluir terapia cognitivo-comportamental e medicamentos psicoestimulantes como metilfenidato e lisdexanfetamina. A adesão ao tratamento é fundamental para melhorar a qualidade de vida e reduzir os riscos de complicações graves, como tentativas de suicídio.

Importante ressaltar que nem todos com TDAH terão vidas marcadas por dificuldades extremas. Algumas pessoas conseguem alcançar altos níveis de sucesso educacional e profissional. A compreensão e aceitação do TDAH como uma condição que pode ser gerida em vez de uma sentença de incapacidade são atitudes que podem levar a um empoderamento maior.

Se você está lidando com TDAH ou conhece alguém que esteja, a mensagem é clara: busque ajuda! Existem soluções e estratégias disponíveis que podem melhorar a perspectiva de vida. Além disso, discuta a importância da legislação em prol do reconhecimento e adequação das necessidades das pessoas com TDAH, um passo que permanece fundamental no Brasil.