
Tensão nas Relações Comerciais: Secretária de Agricultura dos EUA Visitará Brasil para Rever Acordos no Agronegócio
2025-04-02
Autor: Carolina
247 - A secretária do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Brooke Rollins, agendou uma visita ao Brasil nos próximos seis meses para discutir assuntos de comércio agrícola. Esta informação foi confirmada em uma comunicação oficial da embaixadora brasileira em Washington, Maria Luiza Ribeiro Viotti, e enviada ao Ministério das Relações Exteriores, sendo posteriormente repassada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Brooke Rollins, escolhida pelo presidente Donald Trump, é conhecida por sua abordagem rigorosa nas negociações comerciais. Ela enfatizou a importância de responsabilizar os parceiros comerciais em relação aos acordos existentes. Em uma correspondência do USDA, a secretária mencionou que o déficit comercial agrícola dos EUA chega a cerca de US$ 50 bilhões, apontando para a inação do governo anterior como um dos motivos deste desequilíbrio.
Especificamente em relação ao Brasil, Rollins notou um déficit de US$ 7 bilhões nas transações agrícolas. Ela afirmou que o USDA está comprometido em aumentar o acesso a mercados globais para produtos agrícolas estadunidenses. "Estamos dispostos a discutir tudo para expandir ainda mais os mercados", declarou Rollins, salientando que a prioridade da USDA é a prosperidade do setor agrícola dos EUA.
A visita de Rollins ocorre em um cenário de tensão comercial crescente. Um dia antes de Trump anunciar novas tarifas que também atingem o Brasil, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a bancada ruralista se uniram em torno do Projeto de Lei 2088/2023. Este projeto exige reciprocidade ambiental e comercial nas relações exteriores do Brasil e recebeu apoio unânime na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, assim como no plenário.
Aprovado inicialmente como uma resposta às exigências ambientais da União Europeia, o projeto agora abrange qualquer país ou bloco que implementar medidas unilaterais que prejudiquem a competitividade dos produtos brasileiros. O texto autoriza o Brasil a adotar contramedidas comerciais e diplomáticas proporcionais, incluindo em acordos de propriedade intelectual.
Além disso, a atuação da Câmara de Comércio Exterior (Camex) será reforçada, passando a ter um papel mais significativo na análise e resposta a práticas comerciais que são vistas como injustificáveis. Diferentemente de um modelo automático, o projeto propõe que consultas diplomáticas sejam abertas, coordenadas pelo Itamaraty, como uma primeira etapa para resolver os impasses nas relações comerciais.
Com o cenário internacional cada vez mais competitivo e marcado por medidas protecionistas sob o pretexto de sustentabilidade, a nova legislação permitirá que o governo brasileiro suspenda concessões comerciais e investimentos, garantindo maior flexibilidade na defesa dos interesses nacionais. Esta é uma ação que poderá impactar o setor agrícola e suas relações comerciais, tornando o momento de grande importância para a economia brasileira.