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Total Linhas Aéreas do Brasil Está de Olho no C919 Chinês: O Que Isso Significa para o Mercado?

2024-11-10

Autor: Lucas

A companhia Total Linhas Aéreas está em negociações para adquirir o inovador modelo de avião chinês C919, um forte concorrente dos gigantes Boeing e Airbus. Enquanto isso, a empresa também está trabalhando na compra de três aeronaves Embraer E-195, um modelo da primeira geração, mas com planos de substituí-los pelos E-Jets de segunda geração, mais modernos, até o segundo semestre de 2025.

A escolha pela aeronave chinesa C919 se deve à escassez de infraestrutura no mercado atual. Segundo Paulo Almada, sócio-controlador da companhia, a decisão de adquirir o C919 já foi oficializada, e a Comac, fabricante do modelo, promete entregar pelo menos uma unidade já no primeiro semestre de 2025.

Um dos principais atrativos do C919 é a sua capacidade de entrega mais ágil em comparação com os concorrentes ocidentais, que lidam com longos períodos de espera, frequentemente superiores a dois anos, devido a gargalos em suas linhas de produção, especialmente após crises enfrentadas por empresas como Boeing e Airbus.

No entanto, a aquisição do C919 não é simples; será necessária a homologação por parte da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que deve avaliar todo o projeto do avião para garantir a sua segurança e adequação aos padrões brasileiros, um processo que pode ser demorado.

Recentemente, Almada se reuniu com o embaixador da China no Brasil e visitou a sede da Comac duas vezes, indicando o interesse forte da empresa em fechar o negócio rapidamente. A Comac estaria disposta a priorizar a entrega do C919 à Total, como parte de uma estratégia para expandir seus negócios fora da China. "A princípio, não conseguimos encontrar aviões disponíveis. Ou adquirimos modelos usados ou aguardaríamos até 2029, por isso optei pela Comac", afirmou Almada.

Quanto ao uso do C919, inicialmente ele não será empregado nas rotas regulares planejadas pela Total. Ao invés disso, a empresa pretende operar na modalidade ACMI (Aircraft, Crew, Maintenance and Insurance), onde a aeronave é arrendada para outra companhia aérea já estabelecida e que oferece voos regulares.

Essa prática de arrendamento é comum na Europa e pode ser uma estratégia valiosa para a Total, especialmente em um momento em que empresas tradicionais enfrentam dificuldades para conseguir novos aviões. Almada acredita que a Total poderá se tornar uma referência nesse tipo de serviço na região.

O momento poderia ser considerado oportuno, especialmente considerando que a Total é uma companhia saudável, sem dívidas. Almada vê uma oportunidade única de servir companhias aéreas como Gol, Latam e Azul, que atualmente enfrentam desafios financeiros e de frota.

Com a recente autorização do governo brasileiro para um aporte de R$ 6 bilhões no setor aéreo para melhorar as operações das empresas, Almada expressou interesse em acesso a esse fundo, afirmando que não usaria recursos para cobrir dívidas, mas sim para expandir a companhia.

O C919 é projetado para acomodar até 174 passageiros em classe econômica e compete diretamente com os modelos A320 da Airbus e B737 da Boeing. Desde seu início operacional em maio de 2023, o C919 já acumulou mais de 10 mil horas de voo e transportou mais de 500 mil passageiros, com um total de nove aeronaves já em operação, realizando mais de 3.700 voos em companhias aéreas chinesas.