Uma situação chocante em Sete Lagoas, na Região Central de Minas Gerais, levou à descoberta de uma criança de apenas quatro anos, vítima de violência e negligência, encontrada morta em sua residência no último domingo (17/11). A tia da criança, que a visitou na manhã seguinte, descreveu a casa como 'lamentável', com um ambiente sujo e descuidado. O quarto onde o menino, identificado como Gael, foi encontrado estava em condições alarmantes, com um colchão sujo e uma atmosfera sombria, levando a tia a concluir que ele havia sido deixado lá sem a devida assistência: 'parece que ela simplesmente a deixou lá e falou: 'sobreviva!''.

Os detalhes do caso são perturbadores. Quando encontrado, Gael apresentava sinais claros de maus-tratos, incluindo desnutrição severa, ferimentos pelo corpo e larvas de moscas na pele. Segundo o boletim de ocorrência, sua fralda estava cheia de fezes, e seus dentes estavam em péssimas condições, com cáries visíveis. O cenário evidenciava uma falta extrema de cuidado, tipificado como violação dos direitos da criança.

A mãe de Gael, de 27 anos, e seu companheiro, de 23 anos, foram presos em flagrante. A polícia reportou que, após a morte do menino, os outros três filhos da mulher, com idades de 1, 8 e 9 anos, foram deixados sob a responsabilidade do Conselho Tutelar, que prontamente os abrigou em uma casa de apoio, em uma tentativa de garantir sua segurança.

Em entrevista, a tia revelou que já havia tentado ajudar sua irmã anteriormente, oferecendo moradia com condições adequadas, mas as tentativas foram infrutíferas devido a desentendimentos sobre cuidados com as crianças. Ela alertou sobre a possibilidade de negligência, citando que as crianças mais velhas frequentemente ficavam responsáveis por cuidar do menino que necessitava de atenção especial. Em um desabafo emocional, ela comentou: 'Ela não é uma pessoa que consegue seguir regras. Sempre que eu tentava impor limites, ela se sentia ofendida.'

O caso de Gael não é uma ocorrência isolada. Em dezembro do ano passado, outra sobrinha da mulher, uma menina de seis meses, também faleceu sob circunstâncias que agora estão sob investigação. A Polícia Civil já está analisando as semelhanças entre os dois casos para determinar possíveis padrões de negligência e abuso.

Os vizinhos relataram não ter conhecimento da gravidade da situação, mas alguns notaram a falta de cuidados básicos e as frequentes discussões que aconteciam na casa. 'Era uma situação estranha, mas nunca imaginamos que chegaria a esse ponto', comentou uma vizinha.

As autoridades agora estão sob pressão para esclarecer a investigação em torno deste caso trágico e para garantir que as crianças sobreviventes recebam o suporte necessário para se recuperarem de um ambiente tão hostil. Além disso, a comunidade se mobiliza para oferecer apoio e repensar a rede de proteção às crianças em situações vulneráveis, após essa tragédia que deixou todos chocados.