
Uma solução radical para reduzir os problemas causados pelo bife de boi
2025-03-19
Autor: Fernanda
Uma nova abordagem científica pode estar prestes a revolucionar a pecuária e combater um dos principais responsáveis pelo aquecimento global: o metano emitido pelas vacas. Recentemente, um grupo de pesquisadores nos EUA iniciou um projeto inovador em que planejam modificar geneticamente os micróbios presentes no estômago ruminante dos bovinos. A esperança é que, se bem-sucedidos, esse avanço possa reduzir drasticamente as emissões de metano, que atualmente representam cerca de 30% das emissões de gases do efeito estufa que contribuem para o aquecimento do nosso planeta.
Esses cientistas estão estudando bezerros e coletando amostras do seu estômago para entender como certos componentes alimentares, como o óleo de alga vermelha, podem alterar permanentemente a composição do microbioma ruminante. Os pesquisadores esperam que uma “pílula probiótica” administrada aos bezerros no nascimento possa transformar definitivamente a forma como esses animais fermentam os alimentos que consomem, eliminando, assim, uma das principais fontes de metano.
Atualmente, existem aproximadamente 1,5 bilhão de vacas no mundo, e cada uma delas pode produzir cerca de 220 libras de metano por ano, o que equivale a cerca da metade das emissões de um carro comum. A situação se torna ainda mais alarmante considerando que as vacas são responsáveis por cerca de 4% do total de emissões causadas pelo homem.
A indústria já viu o surgimento de alternativas à carne bovina, com empresas como Impossible Foods e Beyond Meat criando produtos à base de plantas. No entanto, a demanda por carne bovina continua a crescer, especialmente em países em desenvolvimento que estão aumentando a produção à medida que suas economias prosperam.
Ao longo das últimas décadas, tentativas de reduzir as emissões de metano através de alterações na alimentação das vacas, como a adição de algas ou ingredientes naturais como orégano e alho, mostraram eficácia, reduzindo as emissões em até 80%. Contudo, essa estratégia enfrenta limites logísticos, pois a grande maioria do gado pastoreia livremente e se alimenta de forragem natural.
Os cientistas envolvidos no projeto acreditam que a edição genética pode oferecer uma solução escalável, permitindo que a modificação do microbioma seja implementada em grande escala. Essa tecnologia, conhecida como CRISPR, já foi utilizada em outros contextos, como na criação de organismos geneticamente modificados e no estudo de doenças humanas.
A edição do microbioma das vacas pode ser o Santo Graal no combate ao metano, mas os especialistas alertam que é um desafio enorme, dada a complexidade e a evolução desses sistemas biológicos ao longo de milhões de anos. Criar uma solução funcional definitivamente requer abordagens cuidadosas e uma melhor compreensão de como o microbioma ruminante opera.
Se a pesquisa continuar a avançar, poderemos ver um impacto real na redução das emissões de gases de efeito estufa provenientes da pecuária, ajudando na luta contra as mudanças climáticas e promovendo um futuro mais sustentável.