Tecnologia

Funcionários temem revelar uso de IA para chefes: uma nova era de incertezas?

2024-11-20

Autor: Julia

Uma pesquisa recente da plataforma Slack revela que quase metade dos trabalhadores sente um grande desconforto ao admitir para seus chefes que utilizam inteligência artificial (IA) em suas atividades laborais. Essa sensação está presente em 15 países, evidenciando um cenário preocupante sobre a aceitação da tecnologia no ambiente de trabalho.

Os dados mostram que 47% dos entrevistados temem ser vistos como trapaceiros, 46% se preocupam em serem considerados incompetentes e outra parcela de 46% temem que essa percepção leve os superiores a considerá-los preguiçosos. Ademais, cerca de 21% admitiram que a proibição explícita do uso da IA pela empresa também é um motivo para esconder essa prática.

Os níveis de constrangimento variam de acordo com a natureza das tarefas. As atividades que geram maior desconforto incluem o envio de mensagens para superiores (34%) e para colegas de trabalho (31%). Por outro lado, tarefas como resumir anotações de reuniões (20%) e escrever códigos (15%) são as que menos preocupam os funcionários.

No Brasil, a situação apresenta nuances interessantes. Os brasileiros parecem ter uma abordagem menos cautelosa em relação ao uso da IA, com apenas 23% demonstrando preocupação ao enviar mensagens para os chefes, percentual inferior à média global. Além disso, somente 5% dos participantes citam escrever códigos como uma atividade que gera receio, sinalizando uma maior disposição para a adoção da tecnologia.

Entretanto, o medo da substituição no trabalho persiste. Essa preocupação é bastante relevante no contexto atual, onde a IA está cada vez mais integrada aos processos produtivos.

O uso da IA no trabalho aumentou globalmente de 32% para 36% entre março e agosto deste ano. Contudo, essa tendência não se reflete uniformemente em todos os países: na França e nos Estados Unidos, o uso da tecnologia permaneceu praticamente estável. Infelizmente, a empolgação com a ferramenta caiu de 47% para 41%, apontando que a confiança dos trabalhadores na IA está em declínio, possivelmente devido à falta de clareza nas normas de uso e a uma percepção de que a tecnologia ainda não cumpriu as expectativas criadas.

Num paradoxo interessante, enquanto os funcionários expressam apreensão em relação à utilização da IA, os executivos demonstram uma visão otimista. De acordo com a pesquisa, 99% dos líderes empresariais pretendem investir em IA nos próximos anos, e 97% consideram urgente a incorporação dessas tecnologias nas rotinas corporativas.

O que está em jogo é a forma como a adoção da IA pode não apenas transformar o trabalho, mas também a forma como os funcionários utilizam o tempo que economizam com essas tecnologias. Idealmente, eles esperam que o tempo livre seja destinado a atividades de lazer e a educação, mas frequentemente acabam sendo sobrecarregados por novas demandas e projetos em andamento.

Em um mundo cada vez mais digitalizado, é crucial que tanto empregadores quanto trabalhadores se adaptem e coloquem em prática uma comunicação aberta sobre o uso da IA, visando uma integração saudável e produtiva dessa tecnologia no ambiente de trabalho.