Galípolo reafirma: Banco Central não vai 'segurar câmbio no peito' e revela como a economia brasileira está sendo afetada
2024-12-03
Autor: Maria
247 – O diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, fez declarações contundentes nesta segunda-feira (2) sobre a volatilidade do câmbio. Durante um evento promovido pela XP Investimentos, ele foi claro ao afirmar que a instituição não irá tentar controlar a taxa de câmbio artificialmente, mesmo diante do recente aumento do dólar, que fechou a R$ 6,06, um recorde nominal.
Suas explicações surgem em meio a um cenário de críticas, como as da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que acusou o Banco Central de falta de ação frente à chamada “especulação.” Galípolo destacou que a intervenção da autoridade monetária é reservada para situações de verdadeira desordem nos mercados, enfatizando que “quem está no mercado sabe que não é assim que funciona.” Ele novamente reafirmou que o BC só atua em casos de disfuncionalidade, e não para atender a pressões pontuais.
Política monetária e cenário inflacionário
Sobre o atual clima econômico do Brasil, Galípolo ressaltou que o desemprego encontra-se em níveis historicamente baixos, enquanto o real se desvaloriza, o que exige uma política monetária mais restritiva. Ele apontou a necessidade de manter a Selic elevada por um período mais prolongado, referindo-se à taxa básica de juros, que atualmente está em 11,25% ao ano, após um recente aumento de 0,5 ponto percentual.
Além disso, o futuro presidente do BC mencionou que as políticas fiscais progressivas podem ter elevado o consumo, resultando numa inflação mais dinâmica do que o previsto. “Talvez a progressividade da política fiscal tenha colocado mais dinheiro na mão de pessoas com propensão a gastar”, analisou, sugerindo uma ligação direta entre as decisões fiscais e o comportamento do sistema econômico.
Repercussões no mercado e confiança do investidor
A disparada do dólar é um reflexo de vários fatores, tanto internos quanto externos. O recente pacote de cortes de gastos apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deixou os mercados frustrados, pois carecia de medidas de impacto fiscal mais significativo. Ademais, a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda trouxe incertezas acerca da arrecadação futura, acentuando as preocupações.
Galípolo fez um comentário sobre a reação inicial do mercado ao pacote, acentuando a importância de “digerir as informações” e garantindo que o Ministério da Fazenda continuará a esclarecer as medidas de forma clara, evitando assim volatilidades desnecessárias.
No plano internacional, Galípolo também abordou as novas ameaças tarifárias do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. As promessas de sanções drásticas a países que tentarem substituir o dólar como moeda de referência, além de tarifas adicionais contra a China, México e Canadá, intensificaram a pressão sobre o real, já vulnerável pela situação econômica interna.
Em meio a tantas incertezas, Gabriel Galípolo reafirmou o compromisso do Banco Central com a meta de inflação, descartando qualquer possibilidade de alterá-la. “Esse é um não tema para o Banco Central. O nosso trabalho é perseguir a meta, e temos os instrumentos necessários para isso”, finalizou, sinalizando que, apesar das dificuldades, a instituição permanece firme em sua trajetória.