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Mercado Prever Que Taxa de Juros no Brasil Só Irá Cair em 2026

2024-12-12

Autor: Matheus

As expectativas do mercado financeiro são sombrias: analistas não acreditam que a taxa básica de juros, a Selic, sofrerá cortes significativos até 2026. A previsão é que, com a atual conjuntura econômica, a redução da Selic não deve ocorrer antes desse ano, especialmente se o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) mantiver o ciclo de alta até meados de 2025.

A avaliação do economista-chefe do Banco Daycoval, Rafael Cardoso, reforça essa ideia. Ele indica que uma eventual redução da Selic só se tornaria viável no segundo semestre de 2025, uma vez que a inflação precisa começar a convergir para a meta estabelecida em 3% ao ano. Cardoso observa, no entanto, que um corte antes de 2026 é uma possibilidade, mas dependa de uma desaceleração econômica mais significativa do que a prevista.

Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, também compartilha a visão de que o cenário econômico se deteriorou desde a última reunião do Copom. Segundo ele, os temores sobre a política fiscal do Brasil têm impactado negativamente as expectativas do mercado, resultando em uma resposta indesejada à tentativa de anunciar pacotes fiscais que poderiam, teoricamente, estimular a economia.

Neste contexto, a hipótese de uma queda na Selic em 2025 parece incerta. Goldenstein ressalta que a correção da inflação para a meta ainda não é uma realidade visível, e não há espaço para cortes nas taxas até que haja uma mudança significativa nas condições econômicas.

Recentemente, o Banco Central implementou um aumento de 1 ponto percentual na Selic, elevando-a para 12,25% ao ano. Essa medida, conforme Cardoso, foi bastante incisiva, especialmente considerando que há expectativa de mais duas elevações semelhantes em 2025, totalizando uma Selic de, pelo menos, 14,25%. Esse cenário se torna ainda mais alarmante, já que Cardoso acredita que para que a inflação alcance a meta até o segundo trimestre de 2026, a Selic precisaria ir a 14,75%.

Com a chegada de Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central em 2025, o banco terá pela primeira vez uma diretoria majoritariamente constituída por técnicos indicados pelo governo atual. Essa mudança pode implementar uma nova abordagem na condução da política monetária, mas o temor de uma postura mais branda em relação à inflação persiste entre os analistas de mercado.

Diante desse cenário, muitos especialistas recomendam que tanto consumidores quanto investidores adotem cautela e monitorem atentamente os desdobramentos da política fiscal e monetária no Brasil. De forma clara, a prioridade do BC será ancorar as expectativas de inflação, o que pode ter impactos profundos sobre o crescimento da economia nos próximos anos.