REVELADO: Coamo Investirá R$ 300 milhões em Nova Usina de Biodiesel
2024-11-27
Autor: Carolina
A gigante paranaense Coamo, a maior cooperativa agroindustrial do Brasil, está prestes a fazer uma grande movimentação no mercado de biodiesel por meio do projeto Combustível do Futuro. Em uma entrevista exclusiva durante o Kepler Weber Day em São Paulo, o presidente executivo da Coamo, Airton Galinari, revelou que a cooperativa está próxima de aprovar um ambicioso projeto de construção de uma usina para produção de biodiesel a partir da soja no Paraná, com um investimento estimado de R$ 300 milhões.
O projeto será inicialmente apresentado ao conselho da cooperativa no próximo mês e deverá ser submetido à votação dos cooperados na assembleia geral prevista para fevereiro. "Estamos ainda dando os toques finais ao planejamento, mas os estudos estão bastante avançados", destacou Galinari.
Paranaguá, no litoral paranaense, foi escolhida como a localização ideal para a nova usina, devido à infraestrutura existente e à planta que já processa 2 mil toneladas de soja por dia. Além de Paranaguá, a Coamo também possui unidades em Campo Mourão e Dourados, todas com uma impressionante capacidade de produção.
Se a aprovação ocorrer conforme o previsto, a usina de biodiesel deverá estar em operação em 2026. Galinari confirma que a construção leva entre 12 e 14 meses, e a previsão é que a usina seja concluída juntamente com a de etanol de milho. O foco na unidade de Paranaguá, ao invés das outras plantas, se deve à disponibilidade de óleo bruto que pode ser convertido em biodiesel.
Outro ponto importante é que a Coamo optará por usar exclusivamente soja para a produção de biodiesel, seguindo uma linha distinta de outras empresas, como a 3tentos, que planejam incluir canola em suas operações. Galinari explicou que a soja já é utilizada de forma total nas outras indústrias, e a migração para canola requer muitos estudos e adaptações.
O projeto Combustível do Futuro, sancionado recentemente pelo governo, visa aumentar a proporção de biodiesel no diesel comum, começando com 14% e alcançando 20% até 2030. Isso certamente resultará em uma demanda crescente por biodiesel no mercado, o que motiva a Coamo a investir na nova usina.
Vale lembrar que a cooperativa também está em processo de construção de uma usina de etanol de milho, financiada recentemente com R$ 500 milhões pelo BNDES. Além disso, um ambicioso projeto de um terminal marítimo em Itapoá, Santa Catarina, está em andamento, com previsão de investimento de até R$ 1 bilhão na construção de quatro piers, com 450 metros de frente para o mar.
Entretanto, a Coamo enfrenta desafios, incluindo a obtenção de licenças ambientais que são cruciais para iniciar as obras, mas as expectativas são positivas. Galinari comentou sobre a tendência de receitas em queda para 2024, apontando que a cooperativa deve faturar cerca de R$ 29 bilhões, ligeiramente abaixo dos R$ 30,3 bilhões de 2023. A principal razão para essa diminuição é a queda nos preços da soja na região, que afetam todas as cooperativas.
Apesar de tudo, o presidente executivo encara o ano de maneira otimista, esperando que a safra de grãos alcance um novo recorde em 2025, estimando receber 10,5 milhões de toneladas. O mercado de insumos também apresentou crescimento significativo, com vendas subindo 15% devido à alta demanda e à crise enfrentada por algumas revendas, que abriram espaço para as cooperativas se fortalecem ainda mais no setor.
Com todas essas movimentações, a Coamo se prepara para se consolidar ainda mais no mercado de biocombustíveis, fazendo frente à crescente demanda e às exigências do mercado sustentável.